segunda-feira, 31 de agosto de 2020


 Sim. Eu sinto saudade. Saudade de sair sem hora pra voltar pra casa. De ir aonde quiser, fazer o que bem entendo e quero na vida, na hora que eu me julgar livre. De dedidir da noite para o dia: viajar. Arrumar a mochila e partir - de carro ou de avião. Viagem de fim de semana - com novos amigos e histórias -  ou de mochilão, por 30 dias e 3 países diferentes. Saudade de um dia descansada, sozinha... Saudade dos banhos despreocupados de sol, de rio, de lua, de mar, de cheiro... 

É... Saturno já retornou e já passo dos 30. Tenho uma família com dois filhos - família esta, que não depende só de mim, mas de uma troca constante pra que o movimento e a construção aconteça - é aquilo: precisa regar.

E mesmo com saudade dessa menina-mulher que fui, dos meus 20 e poucos anos, uma luz me aquece dizendo por onde devo andar: onde meu coração tiver raízes. Raízes essas que vejo fortalecendo num dia-a-dia nú, com os pés na terra, repleta de folhas secas, tapioca,  cuzcuz, arroz-com-feijão e suco verde pro menino. Raízes que me levam à minha origem, história, ancestralidade, dores e amores. 

Saudade essa, em sépia... Um recorte de mim, que é muito maior.

Enquanto isso, o menino-mais-bonito-da-cidade e a menina-dos-olhos-de-obsidiana me olham e confirmam confiança. E eu amo. Honro quem sou, quem me tornei e quem estou me tornando e reconheço meu papel e meu lugar - de infinitas possibilidades.

Tempo -rei: permito-me chorar e também sorrir - para abrir os meus caminhos. 

Puerpério - mãe de dois.